quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"Até onde isso é relevante?"



Estava eu rodando alguns sites aleatórios, e algumas redes de relacionamento, quando me deparei o texto de uma amiga a Laís (http://www.fotolog.com.br/herodia/24649773) , que aborda um tema tão antigo, mais ainda sim tão atual. Quando fui escrever uma resposta para ela, me peguei divagando por assuntos paralelos mais ainda sim correlacionados, e que deram origem ao texto que segue:

É engraçado como mesmo no século XXI, em 2011, ainda discutimos questões como estas...

Antigamente se imaginava que por meados de 2000 estaríamos hiper evoluídos, navegando em carros flutuantes por entre edificações surreais as quais realmente faziam jus ao termo "arranha céu", era uma idéia pretensiosa e ilusória de indivíduos que talvez estivessem um pouco à frente de seu tempo, mas que ainda sim tinham como heróis de suas histórias aqueles mocinhos inveterados, ora másculos ou ideais, sempre dispostos a salvar aquela mocinha ingênua e desnorteada que se colocava sempre em alguma situação adversa (basta-nos vermos algum filme da década de 80 que aborde algum tema que se passasse por agora).

Hoje é um tanto contraditório vermos todos os bens de consumo serem lançados por dia, arrisco a dizer por minuto, em todo mundo, e termos casos como o controle de natalidade nos países orientais que obriga ao casal a conceber somente 1 filho (como na China), ou 1 filho que será abastado pelos recursos governamentais, e caso tenha um irmão, este não gozará dos mesmo benefícios (como no Japão). Além dos diversos fatores que motivaram medidas tão extremas, como a escassez de alimentos, e excesso populacional, ainda se tem que lidar com uma disparidade de gênero causada por essa decisão tomada por meados de 79, já que pela tradição os filhos homens são preferidos, pois ao crescerem seriam responsáveis por levar o nome da família, e ficariam responsáveis pelos mais velhos. Por conta disso houve uma onda de abortos em massa, principalmente na China moderna, onde é possível encontrar cerca de 37 milhões de homens a mais, que hoje crescem sem a possibilidade de encontrar um emprego ou formar uma família. Um correspondente em Xangai - e ex- assistente de pesquisa de Dubner -, conta que à medida que a primeira geração de filhos únicos chegou à adolescência, a taxa de criminalidade juvenil na China mais do que duplicou, uma vez que os rapazes frustrados e ociosos se voltaram para o crime “sem motivos específicos, e normalmente sem pensar.” Tudo isso é reflexo, por mais inacreditável que possa parecer, do machismo (muitas vezes disfarçado de “tradição”) permitido pelas mulheres, e passado de geração para geração, e que ainda impera deliberadamente mesmo que velado. Esse caso, na minha opinião, é um exemplo claro do desprezo, desvalorização, e da discriminação que enfrentam as mulheres. (Que fique bem claro: Sou a favor do controle de natalidade, baseado nas possibilidades que cada família tem de oferecer a seu filho, alimento, saúde e educação. Mas quando o controle de natalidade pende exclusivamente para o fator “gênero” declaro-me indiscutivelmente contra!)

E não fico somente no machismo, ou na negação da liberdade ou igualdade da importância do gênero feminino, além de termos que lidar com essas questões que ultrapassam gerações, é evidente que com o avanço natural dos mais diversos parâmetros, surjam outras preocupações juntamente com os benefícios propiciados por essas evoluções. A meu ver, uma das principais questões hoje é “Até onde isso é relevante?”. Um celular que faz quase tudo que um computador faz em praticamente qualquer lugar. Um carro que estaciona sozinho. Um televisor mais fino que uma caixa de fósforos. Um vestido daquele costureiro famoso. Ou os óculos da moda. Todos esses são exemplos grosseiramente expostos de influências que encontramos nos mais diversos meios, principalmente midiático, dos padrões aos quais devemos nos encaixar para estarmos atuais e teoricamente “felizes”. Ao utilizar a expressão “feliz”, parte-se da compreensão da evidente inversão de valores, que implica na priorização do “ter”, e inutilização do “ser”. As pessoas não desejam mais o suficiente para si e sua família com talvez alguns excessos e confortos, são escravas do “Tudo” e do “agora”, e por mais atuais que sejam nesses parâmetros, por mais “in” que estejam nesse novo meio esquecem-se de avaliar a relevância de todo esse imediatismo e consumismo desenfreado, passando a serem apenas engrenagens numa máquina alienadora e desumanizadora, possivelmente intitulada “capitalismo selvagem”. Não raro, podemos encontrar os mais diversos indivíduos completamente inseridos no “agora”, que no entanto, preservam opiniões conservadoras e retrógradas, principalmente no que tange a assuntos referentes a igualdade da importância dos gêneros dentro de suas particularidades, que se perguntados: “Qual seu sonho?”, possivelmente responderiam “Ter um iPad!” . São seres, que, como diria a minha mãe, usam “casquinha de moderninhos”, mas no fundo muitas vezes adotam o modo de pensar dos seus antepassados, sem sequer se dar o trabalho de avaliar se cabe a si ou não. Enfim, Creio que o ponto chave nisso tudo, é que estamos sendo atropelados por uma onda de informação e tecnologia, e não estamos evoluindo na mesma proporção, caminhamos, par a elevação do ser, lentamente, estamos ao ponto do “ter” sem entender “por que”, o que nos leva a uma era de aparências, e vazio.

Um comentário:

  1. Diante de tantas chamadas "evoluções", vivemos num mundo cada vez mais vazio, digo vazio de um lado e de outro vejo esse mundo tão sem nada: em pessoas com dores da alma, em alguns retratos de família, no rosto de políticos doentes de poder, no cenário triste de um quarto de hospital, nos ombros caídos das pessoas revirando o lixo, no olhar cansado de uma mãe que perdeu seu amor maior para as drogas, na futilidade da beleza humana artificial, no olhar vigilante de quem receia perder o que nunca lhe pertenceu...
    Por fim, percebo que vivemos em função do ter e não do ser...

    "Nossos destinos foram traçados na maternidade..."

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