Entre sorrisos arquitetados, e
poses planejadas, entre uma selfie e outra vai sendo construída a imagem do
ideal, com sua beleza montada, frases motivacionais e a exposição contínua de
todos os corriqueiros eventos do dia-a-dia. Passa-se tanto tempo conectado,
fotografando, editando, compartilhando que a essência de diversos momentos da
vida é suprimida em detrimento dessa conexão constante e da contínua construção
da imagem virtual enquanto o outro - amigos, filhos, companheiros - vão
ganhando aos poucos um papel de figuração em fotos, postagens e na vida.
Vamos trocando encontros por
reuniões no skype e as valorosas conversas despretensiosas regadas a álcool e
exasperações por chats e emoticons. Ahh como é cansativo forjar essa imagem
perfeita cuja recompensa exclusiva é um somatório de “likes”! Como é decepcionante
encontrar uma figurinha “Cool” e em menos de 15min de conversa descobrir que
aquele ser se resume a um inconsciente replicador de conteúdo mastigado via
compartilhamento. Como é irritante estar com gente que mesmo nas horas de folga
não desconecta, não se integra de fato e se mantém “ali” em corpo mas com a
mente e a atenção no grupo do WhatsApp do trabalho.
Passamos a um estado de
latência, dormência e por fim insensibilidade. Não ligamos, ou melhor, não
percebemos se há gente (de verdade) a nossa volta. Não escutamos quando somos
questionados ou quando simplesmente nos cumprimentam com um caloroso “bom dia!”.
Não damos importância se a casa está pegando fogo (a não ser que essa possa ser
fotografada e compartilhada com uma intragável “Hashtag” #PartiuSeiláoque).
Vamos rindo sozinhos, nos descontraindo com memes, e perdendo a hora de pegar o
filho na escola...

Nenhum comentário:
Postar um comentário